domingo, 30 de setembro de 2012

A REJEIÇÃO A LIBERDADE

De: Ed. Renê Kivits - IBAB.

Dostoievski
narrou um encontro entre Jesus e o Grande inquisidor Europeu onde o grande inquisidor coloca a seguinte questão diante de Cristo:
"O povo não tem estrutura para usufruir da liberdade proposta por ti (Cristo), visto que ao menor sinal de liberdade, o povo procura desesperadamente por alguém que o lidere, como governantes, presidentes e autoridades religiosas, o povo não deseja a liberdade que você propõem"

Em outras palavras, o povo diz: "por favor, pense por nós, decidam por nós, isso dá muito trabalho!"

A liberdade proposta por Cristo desconstruiu todas as categorias de dominação humana sobre todos homens, pois acaba com toda a carga de leis e dominações que antes estava sobre os mesmos, dizendo a eles o que fazer sob ameaças infernais.
Além de proposta, a promessa de Liberdade de Cristo nos levou a outro nível de paz visto que joga em nossas mãos a decisão quanto ao que fazer ou como fazer. Contudo, para que esta liberdade não se torne em libertinagem, devemos submissão a nossa consciência, e nossa consciência por sua vez deve necessariamente estar submissa a Cristo. 

Veja o que Paulo diz:
"Um crê que pode comer de tudo; já outro, cuja fé é fraca, come apenas alimentos vegetais.
Aquele que come de tudo não deve desprezar o que não come, e aquele que não come de tudo não deve condenar aquele que come, pois Deus o aceitou.
Quem é você para julgar o servo alheio? É para o seu senhor que ele está de pé ou cai. E ficará de pé, pois o Senhor é capaz de o sustentar.
Há quem considere um dia mais sagrado que outro; há quem considere iguais todos os dias. Cada um deve estar plenamente convicto em sua própria mente.
Aquele que considera um dia como especial, para o Senhor assim o faz. Aquele que come carne, come para o Senhor, pois dá graças a Deus; e aquele que se abstém, para o Senhor se abstém, e dá graças a Deus.
Pois nenhum de nós vive apenas para si, e nenhum de nós morre apenas para si.
Se vivemos, vivemos para o Senhor; e, se morremos, morremos para o Senhor. Assim, quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor.
Por esta razão Cristo morreu e voltou a viver, para ser Senhor de vivos e de mortos." 
Romanos 14:2-9
"Portanto, é necessário que sejamos submissos às autoridades, não apenas por causa da possibilidade de uma punição, mas também por questão de consciência." Romanos 13:5
Fica claro, Cristo nós trouxe por Graça a verdadeira liberdade! Mas será que o homem está preparado ou deseja essa liberdade? 

Infelizmente o desejo e a sede dessa Liberdade é pequeno, quase nulo nos dias hoje visto que ao menor cheiro de liberdade o homem corre em busca de lideres que lhe coloquem cabrestos!

Cristo instituiu definitivamente a Liberdade de consciência humana, onde não mais somos guiados por outros homens nos dizendo o que fazer e o que pensar, mas somos guiados por nossa consciência cativa a Cristo. 
Isto por si só, já nos garante escolha de qualidade inquestionável, levando em consideração o Amor ao próximo antes de tudo em nas escolhas diárias, afinal, minha decisão irá abençoar meu próximo ou não? O Amor ao próximo deve ser a primeira questão numa duvida de decisão, afinal ao nos colocarmos no lugar do outro antes de agir, existe uma grande possibilidade de nossa escolha ser diferente do primeiro impulso, que é geralmente egocêntrico. 

Seja a consciência aprisionada por Cristo, seja o homem livre!

terça-feira, 11 de setembro de 2012

MÚ$ICA$ GO$$$$PEIS OU LOUVORE$$$?


 Soube hoje que as Igrejas Cristãs Nova Vida, da qual sou o Bispo Primaz, foram notificadas de que teriam de pagar direitos autorais pela execução de músicas de “louvor” nos seus cultos. Cada uma de nossas igrejas ficaria, assim, responsável por declarar o número de membros e a frequência aos seus cultos, para que fosse avaliado o imposto a ser pago ao Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD), sociedade que realiza a arrecadação e a distribuição de direitos autorais decorrentes da execução pública de músicas nacionais e estrangeiras. Por sua vez, o ECAD repassaria o valor devido aos compositores cujas músicas estão cadastradas.

São poucas as vezes em que me vejo sequestrado por um assunto do momento aqui no blog. Tenho como norma pessoal não me deixar levar pelas “últimas”.  Já há bastante alvoroço em torno de assuntos efêmeros e não precisam da minha voz para somar à confusão instaurada por “notícias” e controvérsias. Não obstante essa regra que tento seguir, não posso me calar ante esse fato. Já deixei passar algumas horas até que a minha revolta se acalmasse, para que, no seu lugar, pudesse me expressar com clareza e me reportar às Escrituras como regra. Pois, em meio ao transtorno, ninguém se contém e acaba por pecar pelo excesso. Isso não quer dizer que me sinta menos convicto sobre o que tenho a dizer, mas quero realmente trazer uma perspectiva lúcida.

Comecemos pelo que constitui o direito autoral e o porquê da sua existência. Seria justo que alguém lucrasse pelo trabalho, a inspiração e a arte de outro sem que o autor da obra participasse dos lucros? Certamente que não. Cada emissora de rádio, show ou outro tipo de empreendimento com fins lucrativos deve prestar a devida parcela do seu lucro a quem ajudou a produzir essa arte.

Por outro lado, a Igreja é um empreendimento com fins lucrativos? Não – segundo a definição do próprio Estado brasileiro. Ela goza de certos privilégios, na compreensão de que a sua atividade é religiosa, devota e piedosa e, sendo assim, sem fins lucrativos. Que muitos “lucram” em nome da Igreja ninguém duvida. Mas, em termos estritamente definidos pela legislação, não é um empreendimento que tenha como finalidade o lucro.

Louvar a Deus é uma atividade que gera rentabilidade? Também não. Quando cantamos ao Senhor, estamos nos expressando a Deus em sacrifício santo e agradável a Ele (se bem que não caem nesta categoria muitas das músicas que doravante serão objeto de taxação, por decreto-lei). Mas, para manter o fio da meada desta reflexão, suponhamos que as músicas adocicadas, sem fundamento em qualquer real princípio cristão, emotivas e, em alguns casos, passionais (para não dizer sensuais) sejam realmente louvor (algo que tenho tentado ensinar a nossa denominação que não são).  Cantar essas músicas traz lucro para a igreja? A resposta énão. A igreja não lucra. Não há um centavo a mais caindo nas salvas porque cantamos uma música de uma dessas cantoras gospel da moda em vez de Castelo Forte. É possível fazer um culto fundamentado apenas nas músicas riquíssimas do Cantor Cristão e da Harpa Cristã (para não falar nos Vencedores por Cristo, cuja maioria das canções não recai sobre este novo decreto-lei).

Esses cantores e essas cantoras têm o apoio de empresários da fé. Homens que também lucram absurdamente às custas da boa-fé de pessoas a quem prometem uma vida de lucro pelo seu envolvimento. Não me surpreende ver a lista de “notáveis” que apoiam essa iniciativa.

Agora, esses cantores que se venderam para emissoras de televisão, que ganham fortunas nas suas turnês “gospel” e pela venda de incontáveis CDs e DVDs, não estão satisfeitos. Querem mais. Querem “enterrar os ossos”. Tornaram-se mercadores da fé, e com essa última cartada, suas máscaras caem por terra. Que máscaras? As que fazem com que acreditemos que eles realmente creem que o culto é para Deus somente. Para eles, a igreja não passa de fonte de lucro. A igreja não passa de um negócio. Sim, porque, por essa ação, afirmam não acreditar que a igreja seja uma assembleia de sacrifício. Para eles, a igreja é uma máquina de dinheiro. Sua eclesiologia é clara. Suas lágrimas de comoção são teatro. Seus gestos de mãos erguidas não passam de encenação.

A despeito do meu repúdio por esse grupo de músicos “cristãos”, fico grato a eles por uma razão. Tenho tentado ensinar a denominação que lidero a ser mais criteriosa na escolha das músicas cantadas nos cultos. Por força da popularidade desses “superastros do louvor” a pressão da juventude e dos músicos da igreja tem sido quase insuportável. Então cantam as músicas sem devocionalidade real deles e delas para o enlevo de pessoas que nem precisavam confessar Jesus para cantá-las com comoção. Graças ao mercantilismo dos tais, vou emitir uma circular para as nossas igrejas em que instruirei todas a pagar os direitos autorais devidos caso queiram insistir em usar as referidas músicas da moda em seus cultos.

Os que não querem fazer parte desse mercado de rapina receberão uma lista compreensiva de músicas que continuam sendo de domínio público, inclusive as que compus e pelas quais nunca recebi nem quero receber um centavo. Graças a Deus, são os bons e velhos hinos que têm conteúdo e substância, confissão e verdadeiro testemunho do Evangelho. Há centenas de hinos antigos que vamos tirar das prateleiras e redescobrir. Podemos aprendê-los e retrabalhá-los para torná-los atuais aos nossos dias, com arranjos interessantes. Músicas escritas por santos e não por crianças. Músicas escritas para a glória de Deus e não para lucro sórdido. Sim, falei sórdido. Pois os atuais já lucraram com o que é legítimo. Agora vão atrás do resto. É um gospel de rapina. Sinto-me na necessidade de tomar um banho, pois essa história me forçou a passear pelo lamaçal onde esses chafurdam para encher a própria barriga – que é o seu deus, afinal.

Que bom que já me acalmei, pois realmente tinha vontade de dizer muito mais.

Na paz,
+W
Fonte:  http://www.waltermcalister.com.br
Pastor  Walter Maclister